Flores de amor
Ela
estava sozinha e, naquele dia de primavera, decidira almoçar ao ar
livre, sentada em um banco, à sombra de uma majestosa árvore. Era o seu
horário de descanso do escritório e desejou imaginar que estivesse em um
piquenique.
Em meio à profusão de verde e diversidade colorida das flores, improvisou algo semelhante a uma mesa de piquenique.
Naqueles
momentos, começou a refletir sobre a sua solidão. Após o divórcio, ela
terminara de criar seus filhos sozinha e estivera ocupada demais
tentando sobreviver.
Pensava
naquele momento que talvez fosse por isso que não encontrara outro
companheiro. Alguém com quem pudesse compartilhar a sua vida e o seu
amor.
Ela se
mantivera ocupada com as atividades da filha adolescente, acompanhando-a
a um e outro lugar, ou visitando os filhos mais velhos e o novo neto,
além de cuidar da profissão e trabalhar no grupo religioso de sua
comunidade.
Lembrou
que no escritório havia muitas colegas casadas e que recebiam, às vezes,
flores dos seus maridos. Os buquês maravilhosos chegavam, geralmente
acompanhados de um cartão, dizendo que as flores estavam sendo enviadas
só porque eu amo você.
Ela admirava as flores, mas admirava mais os sentimentos que havia por trás daqueles gestos.
Ela fora
infeliz no casamento e nunca recebera tais mimos. Aliás, nada que
indicasse que ela era uma mulher amada. E porque adoraria receber
flores, não podia deixar de invejar aquelas mulheres.
Elas
eram felizes. Tinham maridos que as amavam e que, mesmo após anos de
convívio conjugal, se lembravam de remeter flores, serem criativos,
surpreender.
As
flores ficavam dias sobre as mesas, em jarros d´agua, perfumando o
ambiente, atestando a existência de um sentimento cálido e maduro.
E ela se sentia tão só. Sua mesa sempre estava despida de cores e perfume. Vazia.
Enquanto assim se perdia em pensamentos, sentiu alguma coisa cair em sua cabeça. Era uma flor despencando em direção à grama.
Olhou
para cima e viu que a árvore enorme, sob a qual estava sentada, trazia a
copa repleta de graciosas flores vermelhas, penduradas quase ao alcance
de sua mão.
Ela não
as havia notado porque não olhara para cima. Deu-se conta, então, que
estava sendo agraciada com flores, lindas flores de Alguém que a amava.
Sempre a amara e não desejava que ela ficasse sem flores.
Ela olhou para o chão, colheu as flores dispersas, lindas, vibrantes e compôs um ramalhete.
Levou-as para sua mesa de trabalho e as colocou em uma jarra de vidro.
Durante
todo aquele dia, foi maravilhoso olhar para as flores enquanto
trabalhava. Elas a fizeram lembrar que Deus quis lhe dar flores só
porque Ele a amava.
* * *
As flores que lançam aromas nos canteiros são mensagens do Amor de Deus falando nos jardins.
Os passarinhos que pipilam nos prados e cantam nos ramos são a presença do Amor de Deus transparecendo nos ninhos.
O filete transparente de águas cantantes, que beija a face da rocha, canta o Amor de Deus, jorrando suave da pedra.
As vagas agigantadas, que se arrebentam nas praias, mostram o Amor de Deus engrandecendo-se no mar.
Os
astros que giram na amplidão enaltecem o Amor Divino, enquanto falam
dessa cadeia que une os seres e as coisas na Casa de Deus.
Por tudo
isso, jamais te sintas não amado porque se não tiveres quem te diga aos
ouvidos: Eu te amo, Deus te abraça com Seus raios de luz e te dá, todos
os dias, o mundo para viver, amar e ser feliz.
Redação
do Momento Espírita, com base no cap. Só porque eu amo você, de Suzanne
F. Diaz, do livro Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray,
ed. United Press e do cap. 22, do livro Rosângela, pelo Espírito
Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
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