quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

SEM NEXO


(Merval Pereira
O Globo de 24/08/2012)
Mesmo que formalmente tenha limitado seu voto aos réus acusados de “desvio do dinheiro público”, item inicial do relatório do Ministro Joaquim Barbosa, o revisor Ricardo Lewandowski manteve seu esquema mental de separar os fatos, como se estes não tivessem conexão entre si.
Essa era sua intenção quando anunciou que leria o voto réu por réu, por ordem alfabética, negando assim liminarmente a tese da acusação de que os crimes eram conectados entre si e foram praticados por uma quadrilha que obedecia a um comando central e tinha objetivos políticos.
Só assim poderia, no mesmo voto, condenar o diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e absolver o então presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha, acusados dos mesmos crimes...
Sintomaticamente, o ministro Lewandowski deixou passar, sem nenhuma tentativa de explicação, os R$ 50 mil que a mulher de Cunha apanhou na boca do caixa do Banco Rural em Brasília...
Embora não tenha tido a coragem de assumir a tese do caixa dois eleitoral, implicitamente Lewandowski a admitiu como explicação razoável para o fato de um publicitário ter dado dinheiro vivo ao presidente da Câmara, a pedido do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, verba supostamente gasta em pesquisas eleitorais.
É espantoso que um ministro do STF, que já presidiu o Tribunal Superior Eleitoral, trate com tanta ligeireza a corrupção eleitoral e seja incapaz de ligar dois mais dois.
Lewandowski em seu voto dá impressão de que é normal, uma simples coincidência, o fato de que o mesmo empresário, Marcos Valério, esteja nas pontas dos dois casos relatados, e um não tenha nada com o outro, embora tenham como centro o Partido dos Trabalhadores (PT).
Ora, se o próprio Lewandowski admitiu que Valério subornou o diretor do Banco do Brasil para desviar dinheiro público, como não ligar esse dinheiro desviado às verbas que Delúbio Soares passou a distribuir através das agências de publicidade de Valério, todas de uma maneira ou de outra contratadas por órgãos federais? Ainda mais havendo o antecedente de esquema semelhante adotado anteriormente na campanha eleitoral em Minas.
A atitude de Lewandowski, ontem, exigindo o direito à tréplica diante da decisão do relator de esclarecer os pontos falhos apontados pelo seu voto de revisão, traz de volta à cena pública sua deliberação de retardar o processo de votação, atendendo ao interesse dos réus, especialmente os petistas.
Não tem sentido que o Supremo fique paralisado, enquanto o revisor assume uma posição de protagonista do processo, quando sua função é acessória, não principal.
O presidente Ayres Britto deixou bastante claro que o papel de orientador do processo é do relator, Joaquim Barbosa, que por isso tem direito de dar suas explicações antes que os demais ministros comecem a votar, na segunda-feira.
A mudança de critério de um dia para o outro é menos surpreendente do que seu voto inicial, que condenou Pizzolato, Valério e seus sócios, pois recoloca Lewandowski no caminho que ele mesmo traçou para si desde o início do julgamento: ser um contraponto ao voto do Relator, que ele identifica como uma continuação do voto do Procurador-Geral da República.
Os comentários de que estaria agindo com firmeza contra a corrupção no Banco do Brasil para legitimar a absolvição que já tinha preparado para os integrantes do núcleo político do mensalão, especialmente o ex-ministro José Dirceu, confirmaram-se ontem, pois, com seu voto, o revisor já deixou pistas de que não considerará criminosos os saques na boca do caixa do Banco Rural por parte de políticos da base do governo. . .
Embora tenha se esforçado para demonstrar que estudou detalhadamente o processo, e tenha procurado afirmar que baseou seu voto “na realidade dos autos”, Lewandowski passou por cima de detalhes cruciais, como, por exemplo, o fato de que os saques no Rural eram escamoteados pela agência SMP&B como “pagamento de fornecedores”.
E também que a primeira reação de Cunha foi mentir quanto à ida de sua mulher ao banco, alegando que fora pagar uma fatura de TV a cabo. Sabia, portanto, da origem ilegal do dinheiro.
O caráter pessoal da contratação da agência IFT está demonstrado por reuniões, fora da Câmara, para organizar ações de campanhas eleitorais do PT, com a presença de Cunha.
O voto de ontem confirma as piores expectativas com relação ao trabalho do revisor do processo.       
_________________________________________
" Quem  ainda  duvida  que tudo  acabará  em
   'PIZZA' ? , apesar dos esforços moralizadores
   do Proc.Geral, do Min. Relator (e outros).  
   É  DE  CHORAR !  POBRE  BRASIL !
   ACORDEM, PATRIOTAS! As eleições estão aí !
   Nossa  ARMA é o  VOTO !!!!!  "

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MEU TIO TONICO



Meu Tio Tonico


Para meditar mesmo!



Meu tio Tonico estava bem de saúde, até que sua esposa, minha tia
Marocas, a pedido de sua filha, minha prima Totinha,
disse:

-Tonico, você vai fazer 70 anos, está na hora de fazer um check-up com o médico.

- Para quê, estou me sentindo muito bem ?!

-Porque a prevenção deve ser feito agora, quando você ainda se sente
jovem e bem, disse minha tia.

Então meu tio Tonico foi ver um médico. O médico, sabiamente, mandou-o
fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano
de saúde cobrisse.

Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam
muito bons, mas tinha algumas coisas que podiam melhorar. Então
receitou:

Comprimidos Atorvastatina para o colesterol

Losartan para o coração e hipertensão,

Metformina para evitar diabetes,

Polivitaminas para aumentar as defesas.

Norvastatina para a pressão,

Desloratadina em alergia.

Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então
ele indicou Omeprazol e um diurético para os inchaços.

Meu tio Tonico foi à farmácia e gastou boa parte da sua aposentadoria
em várias caixas requintadas de cores sortidas.

Nessas alturas, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos
verdes para a alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas
para o estômago e se devia tomar as amarelas para o coração antes ou
depois das refeições, voltou ao médico. Este lhe deu uma caixinha com
várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado.
Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.

Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o
farmacêutico e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele
passar através do meio, enquanto eles aplaudiam.

Meu tio, em vez de melhorar, foi piorando.

Ele tinha todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saia
mais de casa, porque passava praticamente todo o dia a tomar as
pílulas.

Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele
usava, deu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um termômetro, um
frasco estéril para análise de urina e lápis com o logotipo da
farmácia.

Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha tia Marocas, como de
costume, fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel,
chamou também o médico.

Ele disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o
dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma
pequena taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de
Amoxicilina. A cada 12 horas, durante 10 días. Apareceram fungos e
herpes, e ele receitou Fluconol com Zovirax.


Para piorar a situação, Tio Tonico começou a ler as bulas de todos os
medicamentos que tomava, e ele ficou sabendo todas as
contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos
colaterais e interacções médicas.

Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer mas poderia ter também
arritmias ventriculares, sangramento anormal,
náuseas, hipertensão, insuficiência renal, paralisia, cólicas
abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas
terríveis.

Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar
com essas coisas, porque os laboratórios só colocavam para se isentar
de culpa.


- Calma, seu Tonico, não fique aflito, disse médico, enquanto
prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com
Rivotril 100 mg. E como titio estava com dor nas articulações deu
Diclofenac.


Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto
para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.

Chegou um momento em que o dia do pobre do meu tio Tonico não tinha
horas suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não
dormia, apesar das cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas.

Ficou tão ruim que um dia, conforme já advertido nas bulas dos remédios, morreu.

No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmaceutico.


Agora tia Marocas diz que felizmente mandou titio para o médico bem na
hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes.

Este e-mail é dedicado a todos os meus amigos, sejam eles médicos ou
pacientes ..!

Qualquer semelhança com fatos reais será “pura coincidência”...



(Um check-up para descobrir um mal grave instalado no início, ok.
Embarcar num mundo de medicamentos preventivos,NUNCA!)



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MEU FILHO E AS MANHÃS

MEU FILHO E AS MANHÃS


Hoje pela manhã, como de costume, antes de sair para trabalhar, visitei o quarto de meu filho.


Considero uma espécie de ritual sagrado de todas as manhãs: chegar bem perto de seu berço, ajeitar sua coberta com cuidado, aninhá-lo com carinho para que não se descubra.


Passo então minhas mãos, algumas vezes, sobre seus cabelos macios, e digo em pensamento: “Como eu te amo!”


Ele normalmente se move com suavidade, como se reagisse de alguma forma ao estímulo externo durante o sono.


Continua ali, em silêncio, em paz, preparando seu corpinho e sua alma para mais um dia de descobertas felizes.


Despeço-me, procurando não fazer ruídos, e saio porta afora com a alma leve, pronto para enfrentar mais um dia no mundo.


Da próxima vez que o vir, mais tarde, ele já estará desperto, correndo pela casa, brincando com seus carrinhos, e irá me conceder mais uma alegria: a de receber seu sorriso, que sem dizer nada, diz tudo.


Por mais que alguns dias sejam difíceis, por mais que as batalhas sejam ferrenhas e desgastantes, tudo se acalma, tudo se conforta naquele sorriso.


Os sorrisos de criança têm um poder quase mágico, e os de nossos filhos mais ainda.


Eles parecem querer nos fazer perceber que, por mais que a vida seja tormentosa, cheia de pequenos e grandes espinhos que provocam dor, muita alegria ainda existe.


Por mais que neste exato instante existam “n” pessoas desejando não mais viver, se enfraquecendo nas lutas, desejando desistir, existem outras tantas almas agradecendo pela vida, num júbilo contagiante.


E tenho certeza de que “ser pai” é mais um desses motivos de alegria plena, de gratidão a Deus, e mais uma das muitas razões que temos para continuar sempre, sem desistir.


Meu filho e as manhãs me ensinam sempre esta lição preciosa, a da renovação, do renascimento da água e do Espírito.


*   *   *


Muitos pais se queixam de não terem visto seus filhos crescerem.


Passa tão rápido! Não me lembro mais! – são expressões que ouvimos com frequência.


Será que estamos atentos aos nossos filhos como deveríamos estar? Será que passa tão rápido assim, a ponto de guardarmos tão poucas lembranças?


Ou há alguma coisa errada com o tempo, ou há alguma coisa errada conosco.


Seria tão bom poder ouvir de um pai, de uma mãe: Lembro-me de cada nova conquista, de cada dia da infância, de cada nova palavra...


Seria tão bom poder ouvir: Curti cada dia ao seu lado, meu filho, quando você era pequenino, como se fosse o último. Não perdi oportunidade alguma junto a você.


Aproveitemos o tempo junto a eles, em qualquer idade, em qualquer condição de vida.


Curtamos a existência ao seu lado, anotando no coração cada beleza, cada nova descoberta, tirando fotografias com a alma – registrando no íntimo do ser cada sorriso em seu rosto.


Redação do Momento Espírita.


Em 31.01.2010.


*  *  *





 Com esta mensagem eletrônica
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A FERRAMENNTA DO BEM

 
 
1-     A NECESSIDADE DE FAZER O BEM:
 
Uma das questões cruciais e que funciona como um divisor de águas da Doutrina espírita em relação a outras religiões é a necessidade de se praticar o bem para o desenvolvimento espiritual. As palavras de Jesus (4), “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” e o exposto na sua parábola do Bom Samaritano tornam bem claro esta questão. Não nos basta ser bons e pertencer ao grupo A ou B. É imperioso praticarmos o bem. A lei é de amor e o amor é que nos elevará. Por isso, o espiritismo cristão deve estar vinculado a prática da beneficência e este artigo buscará  elucidar algumas razões desse imperativo.
 
 
2-     A PERSPECTIVA INTERVENCIONISTA:
 
Ao contrário da história religiosa da humanidade, repleta de isolamentos, reclusões, clausuras e retiros espirituais, na busca de nos isolarmos do mundo (3), inspirados nas temáticas do Filósofo Rosseau da Revolução Francesa, que pregava o corrompimento do homem bom pelo mundo, a perspectiva espírita enunciada por Kardec na sua máxima (4) “fora da caridade não há salvação”, incita-nos ao contato com o mundo na busca de transformá-lo e  averba que o mundo somente se transformará quando transformarmos a nós mesmos. Ou seja, o espiritismo tem esse caráter intervencionista nas questões que se apresentem diante do cristão, combatendo a omissão e o isolamento, demonstrando que é na luta do mundo que crescemos rumo a perfeição.
 
A reforma íntima é uma necessidade. Paradoxalmente, não haverá reforma íntima sem contato com o nosso próximo, mais próximo ou não. Como amar sem ter ação para o amor. Como perdoar sem ter objeto de perdão.
 
 
3-     FAÇA VOCÊ MESMO:
 
Na década de oitenta nos deliciávamos com revistas que nos ensinavam a fazer os pequenos reparos de nossa residência. Essa lógica do “faça você mesmo” também se aplica a questão da prática do bem. Jesus já asseverava (4) : “Vai tu e faze o mesmo”, reforçando a necessidade da ação no bem ser realizada pessoalmente. As pessoas que nos rodeiam são a nossa ferramenta de progresso e não podemos olvidar que o nosso coração é um músculo poderoso, que precisa ser exercitado no sentido físico e principalmente no sentido espiritual.
 
Na prática do bem não cabe terceirização. Mandar entregar na porta do centro espírita não tem o valor de se envolver na entrega.  A prática do bem deve ser bilateral, ajudando a quem dá e permitindo a reflexão de quem recebe. Esse é o princípio que rege o Bônus-Hora (6) descrito em Nosso Lar por André Luís. Somente tem valor quando permite a reflexão e reforma de quem praticou a ação. Caso contrário, instauraríamos um ranking de doações volumosas que nos conduziriam a “salvação”, como na época das indulgências. Recordemos a passagem do óbolo da viúva, onde valeu mais aos olhos de Jesus aquela que tirou do seu próprio sustento. A matemática divina funciona subjetivamente.
 
 
4-     OS MOVIMENTOS SOCIAIS:
 
Outrossim, consideremos sempre que “movimentos geram movimentos”. A nossa ação no bem sempre se alinhará com outras iniciativas que em composição gerarão movimentos sociais em prol dos nossos irmãos menos favorecidos. Nenhum benemérito fundador fez ou faz tudo sozinho em qualquer obra assistencial.
 
Entretanto, constatamos também que a sociedade influencia o espiritismo, por ser esse uma parcela dela. Na década de 70/80, fruto de conjunturas políticas, as pessoas se engajavam em movimentos sociais, onde existiam iniciativas diversas de preocupação com o coletivo, no campo da assistência, do ambientalismo e da educação. Podemos citar os grupos ambientais, o Projeto Rondon e os movimentos de Alfabetização de adultos. No espiritismo, observamos o florescer de caravanas, campanhas e iniciativas diversas no campo assistencial, onde as casas espíritas logo buscavam atrelar a sua programação diversas atividades assistenciais com a participação de seus freqüentadores.
 
Na década de 90, observamos o individualismo campear em nossa sociedade, onde a tecnologia nos fez cada vez mais desiguais e isolados e estabeleceu níveis de conforto e divisão social nunca antes vistos. Hoje, o indivíduo pode pedir as suas compras pela internet, assistir ao filme no shopping transitando pelas ruas sem sair de seu automóvel, vivendo sem conviver, isolado no seu mundo e nas suas necessidades. No movimento espírita, observamos a explosão dos romances, falando de uma esperança passiva e a busca de um esoterismo voltado para previsões futurísticas e a busca da paz por fórmulas e meios exteriores, sem contar a desenfreada busca da cura do corpo.
 
 
5-     TERAPIAS E AUTO-AJUDA:
 
Esses fatores geram uma tendência atual de terapizar-se tudo, em um “psicologismo” que reduz a problemática da criatura humana a solução por um simples diálogo como um passe de mágica. Os aspectos psicológicos da criatura são fundamentais, mas não podemos nos esquecer das questões do Coletivo. Essa preocupação com o indivíduo deságua em um conceito que muitos se equivocam em classificar as nossas obras espíritas que é a auto-ajuda.
 
Podemos compreender a auto-ajuda como aquela literatura que expõe a felicidade como uma questão de disposição pessoal, de se sentir bem, de acreditar e se programar mentalmente para isso. Infelizmente, uma questão tão complexa aparece reduzida a uma questão da vontade momentânea indivíduo.
 
 
6-     A FELICIDADE:
 
Isso ocorre pois o nosso conceito de felicidade está difuso. A felicidade está associada a ter coisas, ter status, ter reconhecimentos e direitos. Esquecemos que a vida é uma balança de direitos e deveres. Não há felicidade egoística. Não há como ser feliz se o nosso irmão está infeliz, se no mundo ainda há infelicidade. Por isso, Kardec assevera que a felicidade na Terra é relativa (4). Confundimos hoje o nosso conceito de  felicidade, ignorando que a felicidade está implícita no desejo de um mundo melhor. Um mundo que será construído por nós e que seremos felizes nesse processo e não se buscarmos diminuir tantos números do nosso manequim ou se não estamos nos aceitando com o nariz que nós nascemos. A felicidade transcende tudo isso e a sua conquista deve se fazer sem muletas.
 
 
7-     O PARADIGMA HOLÍSTICO:
 
Tomando o Paradigma Holístico do mundo (2), podemos ter bem claro a importância da ferramenta do bem como caminho da nossa felicidade. Segundo o livro “A canção da inteireza (2)”, o homem inicialmente adotou um paradigma Teocêntrico, onde tudo se prendia a um mundo sobrenatural onde a vida existiria em função deste. Inicialmente subordinados as forças da natureza, passando para os deuses antropomórficos até quando o conceito cristão de ressurreição subordinou de vez a vida na terra  a espera de outro mundo, chegando ao seu auge na Idade média com as indulgências.
 
Com o renascentismo, quando Galileu tira a Terra do Centro do Universo, o paradigma antropocêntrico começa a levar o centro das questões para o homem, sendo este então a medida de tudo. Com os iluministas, temos o racionalismo de Descartes, onde todo conhecimento  vem da razão e o Empirismo de Locke e Hume, onde todo conhecimento provém da experimentação, colocando a fonte de saber sempre pelo viés humano, reforçando através de Newton que o universo funciona como uma engrenagem determinista, gerando os modelos de pensamento para a futura sociedade industrial que através das revoluções tecnológicas se estabeleceu a vida que preza o “Ter” e o individualismo que vivemos em pleno auge nos dias de hoje. Mais uma vez, como na negritude da idade média, o homem se vê em uma encruzilhada temporal, tendo acesso aos bens de forma desigual e se preocupando cada vez mais consigo e com as suas necessidades enquanto o mundo padece da violência e do desamor.
 
 
8-     O FOCO NO COLETIVO:
 
O paradigma Holístico propõe um novo foco. Nem no homem, nem no mundo que virá. Ele propõe que o Universo é um todo dinâmico que se relaciona. É um complexo sistema de relações e que o foco deve ser na interdependência. Toda ação que realizamos ecoa no universo e reverbera pelos outros elementos. A nossa relação é de Co-criadores, com o planeta e com a vida, sendo também co-responsáveis , como cita Emmannuel em A Caminho da luz (5):
 
“Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos “ais” do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a humanidade (Grifo nosso) .”
 
Ou seja, o foco deve ser no bem de toda a humanidade, inclusive dos animais, das plantas e dos minerais, habitantes de nosso globo. O nosso desenvolvimento espiritual é uma responsabilidade individual que somente tem sentido no coletivo. Esse deve ser o foco. O espiritismo como doutrina libertadora e transformadora das consciências, para que entendamos que a solução de nossos problemas está na solução dos problemas do mundo e que os nossos grandes vultos, dentro da sua dimensão humana, também tinham seus problemas e não se imobilizaram em uma postura passiva, partindo para a Terapia da prática do bem, ferramenta que cura os nossos males e de nossos semelhantes.
 
 
9-     AMAR A SI MESMO  E A DEUS ATRAVÉS DO PRÓXIMO:
 
Sabemos que  a auto-estima e o amor a si mesmo é uma condição fundamental, para que não incorramos novamente em flagelações e autocomiserações de outras épocas. Mas, faz-se mister amar a si mesmo e a Deus através do próximo, dentro do enunciado evangélico (4) de que quando fazemos a um destes pequeninos, é ao Mestre que fazemos.  A palavra Bem-estar  não existe no dicionário espírita-cristão associada ao próprio bem da pessoa, pois metodologia nenhuma trará o nosso bem se não envolver o bem de nossos irmãos. Como amar a si mesmo se não amamos o mundo, a natureza e os nossos irmãos.
 
 
10- O TRABALHO NA CASA ESPÍRITA:
 
Após falarmos da evolução histórica do planeta, terminamos por nos defrontar com a nossa realidade diante da prática do bem. O que temos feito? A casa espírita é a Oficina que deve viabilizar as equipes que permitam aos freqüentadores a oportunidade de abraçar cada irmão, pois “a disciplina antecede a espontaneidade (6) e se nos disciplinarmos para o bem no trabalho organizado, o nosso coração romperá o gelo de nossa sociedade para que possamos estender seu amor aos próximos mais próximos e a nós mesmos.
 
Cabe-nos a construção na juventude do hábito da prática do bem desde cedo (1), para que tenhamos como objetivos que todos sejam em um futuro trabalhadores  e colaboradores da casa espírita, doando-se nas frentes que são inúmeras. Espíritas envolvidos e comprometidos com a causa da Casa espírita na construção de um mundo melhor. Um sonho, talvez, uma utopia, não.
 
 
11- CONCLUSÃO:
 
A ferramenta da nossa evolução está bem claro nas palavras do Espírito de Verdade (4):
 
“Espíritas, Amai-vos é o primeiro mandamento. Instrui-vos é o segundo”
 
E como não cremos no amor como verbo intransitivo, cabe-nos utilizar esta ferramenta no palco do mundo para o nosso crescimento, na luta diária, onde realmente descobrimos quem somos e o que necessitamos ainda aperfeiçoar.  Sem fórmulas mágicas... 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
(1)  BRAGA, Marcus Vinícius de Azevedo. Alegria de Servir, FEB, 2001.
(2)  CARDOSO, Clodoaldo Meneguello- A canção da inteireza- Uma visão holística da educação- Editora Summus - São Paulo- 1995 
(3)  KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, FEB.
(4)  KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo, FEB.
(5)  XAVIER, F.C..A caminho da luz, pelo espírito Emmanuel, FEB.
(6)  XAVIER, F.C.. Nosso Lar, pelo espírito André Luís, FEB.
 
 
 
 
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